domingo, 11 de outubro de 2009

O ICONÓGRAFO

O autor de ícones é chamado iconógrafo, que significa “aquele que escreve ícones”. Em relação ao artista, não se diz, portanto, que pinta ícones, mas que os escreve.
No passado, o iconógrafo era, sobretudo, um monge, enquanto familiarizado com a vida espiritual: na oração, no silêncio, na ascese, no jejum. Ele mergulhava no mundo ultraterreno e, vivendo em companhia dos santos, podia melhor exprimir o rosto e o mistério. O costume da oração e da disciplina monástica se tornava, assim, importantes componentes da ação do artista. Como modelo exemplar de monges iconógrafos, citamos: Andrej Rublev e Dionísio de Furná.
A igreja ortodoxa, ao lado de várias ordens dos santos: confessores, mártires, doutores, virgens etc., coloca também os santos iconógrafos, cuja arte é considerada um testemunho evidente de santidade. Entre eles enumera-se Santo Alípio, pintor de ícones do mosteiro das grutas de Kiev e o, já citado, Santo Andrej Rublev, canonizado pela Igreja eslava.
O Concílio Moscovita dos “Cem Capítulos” (1551) traça um exigente perfil do iconógrafo, apontando as qualidades que se deve cultivar e os defeitos a serem evitados: “o pintor de ícones deve ser humilde, dócil, piedoso, pouco falante, não zombador, não briguento, não invejoso, não beberrão, não gatuno e deve conservar a pureza da alma e do corpo”.

A ORAÇÃO E O JEJUM

Em nossos dias não há uma exigência de que seja, o iconógrafo, um monge, mas que esteja intimamente ligado à sua Igreja local e que tenha uma vida íntima de oração, pois ao pintor diz respeito somente o aspecto técnico da obra, mas toda a sua organização (diátaxis, portanto, disposição, criação, composição) pertence e depende claramente dos Santos Padres.
Logo, sem oração, o iconógrafo encontra-se morto para o mundo espiritual e ainda que possuísse perfeitamente a técnica do ícone, a sua obra sempre seria sem alma.
Existe um modelo específico de oração para o iconógrafo iniciar o seu trabalho e que se encontra nos manuais de iconografia:

“Oh Divino Mestre! Ardoroso artífice de toda a criação. Ilumina o olhar do teu servo, guarda o seu coração, rege e governa a sua mão para que, dignamente e com perfeição, possa representar a Tua Santa imagem. Para a glória, a alegria e a beleza da Tua Santa Igreja”.

E, enquanto é executada a obra, mentalmente, invoca-se ininterruptamente o nome de Jesus, na breve oração:

“Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, tende piedade de mim”.

O melhor jejum para o iconógrafo é o da visão, pois, conforme o dizer popular: “os olhos são as janelas da alma”, é pelo sentido da visão que se pode entorpecer diretamente a alma pura. Nesse sentido a busca pela face do Senhor, conforme canta o salmista: “Tenho os olhos sempre fitos no Senhor” (Sl 24, 15), santifica a visão e o interior e o fortalece no cumprimento do seu ofício de “escritor” da imagem sacra.

O SERVIÇO DIVINO

O iconógrafo é um missionário da beleza incriada. Sua missão é tornar visível com traços e cores o espiritual, ou seja, o Divino.
O homem que cria imagem de culto não é um artista no nosso sentido. Não cria, mas serve à presença, contempla. A imagem de culto contém algo. Está em relação com o dogma, o sacramento, a realidade objetiva da Igreja. O artista de imagens de culto requer uma e missão por parte da Igreja. Seu serviço será um ministério.

AS REGRAS DO ICONÓGRAFO

I. Antes de iniciar o trabalho, faça o sinal da cruz, ora em silêncio e perdoa os teus inimigos;
II. Faça várias vezes o sinal da cruz durante o trabalho, para fortificar-se física e espiritualmente;
III. Conserva o teu espírito longe das distrações e o Senhor estará perto de ti;
IV. Cuide de cada detalhe do teu ícone como se trabalhasse diante do próprio Senhor;
V. Quando escolher uma cor, eleve interiormente tuas mãos ao Senhor e peças conselho;
VI. Não sejas invejoso do trabalho do teu próximo;
VII. Terminado o teu ícone, agradeça ao Senhor, porque a Sua misericórdia concedeu a possibilidade de pintar as Santas Imagens;
VIII. Seja tu mesmo, o primeiro a orar diante do teu ícone;
IX. Jamais esqueças:
- a alegria de difundir os ícones no mundo;
- teu trabalho deve ser de felicidade;
- tu serves, comunicas e cantas a Glória do Senhor através do teu ícone.

2 comentários:

Samaritana disse...

GRacias por publicar el texto sobre el iconógrafo y las oraciones.Bendiciones.

Anônimo disse...

Meu nome e Zelia, tenho 7o anos de idade.
Meu primeiro, e talvez ultimo Icone executado com muito carinho e gratidão ao Atelier de Iconografia SANTA CRUZ, transformou meu espirito, estou plena de gratidão.

Deus vos bendiga.
Zelia