Numa obra de arte é comum perceber a assinatura do seu autor, pois o privilegia. Para o expectador, ele contempla a obra e, pela visão, é atraído pela beleza e aí redirecionado ao nome por causa da assinatura. Nesse caso o nome do autor é a identidade do prazer atribuído à beleza.
Na iconografia, o artista “serve” a cânones estabelecidos pela Tradição da Igreja com os seus dons e técnicas.
Na iconografia, o artista “serve” a cânones estabelecidos pela Tradição da Igreja com os seus dons e técnicas.
“Os artistas e os materiais são meios, pois
o verdadeiro iconógrafo é o Espírito Santo”
(Cláudio Pastro. Arte Sacra: O espaço sagrado hoje, pág. 217).
Assim a evidência não deve ser direcionada ao autor, mas à maior glória de Deus e da sua Santa Igreja. O iconógrafo somente cede seus dons ao Doador dos dons e canta como o salmista:
“Não a nós, o Senhor, não a nós,
ao vosso nome, porém, seja a glória
porque sois todo amor e verdade!”
(Sl 115,1)
Por isso, em muitos ícones, não se assinam e, quando assinados, vêm antecedidos pela frase: por mão de, pois se apresenta não como “criador”, como se costuma dizer agora, mas como simples executor e transmissor de uma obra querida pela Igreja.
Este ícone apresenta no canto inferior esquerdo (de quem olha) a assinatura:
Mosteiro da Anunciação - Patmos, 1995 - Por mão de + Markelles Monge
“Este modo de assinar aparece nos ambientes cretenses e venezianos a partir do séc. XVI, como reação ao uso ocidental dos artistas, desde a Renascença, de assinar como próprio nome suas obras” (Georges Garib. Os Ícones de Cristo: história e culto, p. 282).
Alguns ícones modernos já aparesentam uma assinatura do próprio autor, mas fica a questão de que quem se sobressai não é o Mistério Representado, mas o "artista". Assim o autor da pintura reduz a teologia e o mistério do ícone em um "mero" quadro dentre outros.
Um comentário:
Totalmente de acuerdo con lo que escribes. Gracias por tus aportaciones para hacer más verdadero el servicio.
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