sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Apelo ao Papa para o retorno à uma arte sacra autenticamente católica

Relatamos a possibilidade de assinar o Apelo à Sua Santidade Bento XVI para o retorno a uma arte sacra autenticamente católica.

Quem quiser participar pode clicar na imagem ao lado.


A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

INSCRIÇÕES E O ALFABETO GREGO

Para identificar um determinado ícone não basta reconhecer sua tipologia. O nome e algumas inscrições não são partes facultativas em um ícone, mas obrigatório para que possam ser benzidas e utilizadas no culto litúrgico.

Normalmente, as inscrições são feitas em alfabeto cirílico nos ícones russos, porém conservam-se as abreviações gregas para indicar a Mãe de Deus, Jesus Cristo e às vezes os santos. Na auréola de Cristo, onde se desenha uma cruz, encontra-se um trigrama que indica o nome de Deus revelado a Moisés: "Aquele que é" (O WN), quando se encontrou diante da sarça ardente. As três letras são colocadas uma no braço esquerdo, o O no centro ao alto e a terceira no braço direito.

Para ver no tamanho real, clique sobre a imagem ...

Na maioria dos ícones que possuem livros ou rolos (ex.: Glykophilousa), muitas palavras estão em forma abreviada e isso dificulta a tradução e a escrita. A forma de se escrever as palavras nesses rolos ou livros também difere em muito da nossa forma, pois usam de junção de palavras (que não é a mesma coisa das abreviações), como é o caso dos ditongos e grupos de consoantes, numa só grafia e, em outras vezes, ainda unem palavras e frases inteiras, dificultando ainda mais.


A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

DOURAÇÃO (Vídeos em italiano)

Acho que, com esses vídeos explicativos, poderão nos ajudar ainda mais na nossa função de iconógrafos experientes ou iniciantes. O áudio está em italiano, mas dá pra entender bem.

1a. Fase: Preparação do Bol de Armênia


2a. Fase: Aplicação do Bol de Armênia sobre a tábua



3a. Fase: Aplicação da folha de ouro verdadeira


4a. Fase: Brunição com pedra d'ágata



5a. Fase: Aplicação da segunda folha e brunição final (opcional)


É interessante que, para o ouro brunido ter um aspecto de espelho, o levkas deve estar ausente de qualquer imperfeição ou irregularidade, pois tanto o bol quanto a folha de ouro só intensificaria ainda mais no resultado final.

No ouro brunido não convém aplicar Goma Laca para protege-lo contra a ação do tempo.

A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

PIGMENTOS PARA ÍCONES


Durante séculos os iconógrafos utilizaram as cores disponíveis em sua própria região e segundo cada escola iconográfica na qual pertenciam. Mesmo antes da arte bizantina os artistas paleocristãos pintavam seus afrescos (em catacumbas) nas quatro cores básicas: branco, ocre, vermelho e preto. Nas pinturas mais antigas quase não se encontrava o azul. Ele surge a partir da mistura de pigmentos brancos e negros. Somente em casos excepcionais o Lápis Lazúli (Lazurita) era utilizado ralado porque era muito caro e escasso.

Os registros mais antigos da utilização do azul (Lápis Lazúli) datam dos sécs. VI e VII, nas pinturas rupestres em templos Afeganistão, onde esse mineral foi predominantemente extraído.


A cor verde era conseguida, geralmente, através da adição do preto ao ocre e, mais tardiamente, com o ocre ao azul.

Em nossos dias uma gama extensa de pigmentos em pó, de várias cores e tonalidades, já pode ser encontrada em comércio especializado na forma natural e sintética de alta qualidade.

Os principais fabricantes são:

Maimeri (Itália), Sennelier (França), Sinopia (EUA), Kremer (Alemanha), Zecchi (Itália), Rublev (EUA).

Aos iniciantes que quiserem “brincar” com pigmentos em pó, podem adquirir o Pó Xadrez, da LanXess (EUA), que são bem conhecidos aqui no Brasil através da construção civil, mas não é nada indicado para Belas Artes e Iconografia.


A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Ícone de "Cristo Esposo"

Estou terminando de escrever o ícone de "Cristo Esposo" (gr.: ο Νυμφίος), também chamado de "Extrema Humilhação" (gr.: Aκρα Tαπείνωσις). Este último título é mais propício para quem vê o ícone, mas eu prefiro o primeiro.

O nome provém da parábola das dez virgens (cf. Mt 25, 1-13) que serve de contexto à meditação litúrgica dos três primeiros dias da semana santa.

Como preparação para escrever este ícone, busquei as fontes: a parábola e a oração (Tropário) que se reza no "Ofício do Esposo".

Então, resolvi compartilhar essa beleza da Igreja Ortodoxa e, em breve postarei o resultado final da minha oração.



Letra do Tropário

Em grego:

Ιδού, ο νυμφίος έρχεται εν τω μέσω της νυκτός και μακάριος ο δούλος ον ευρήσει γρηγορούνται, ανάξιος δε πάλιν, ον ευρήσει ραθυμούντα βλέπε ούν, ψυχή μου, μη τω ύπνω κατενεχθής ίνα μη τω θανάτω παραδοθής, και της βασιλείας έξω κλεισθής αλλά ανάνηψον κράζουσα άγιος, άγιος, άγιος ει ο θεός ημών, διά της θεοτόκου ελέησον ημάς.

Em português:

Eis o Esposo vem no meio da noite; bem aventurado o servo que ele achar vigilante; indigno, porém, o servo que ele achar negligente! Cuidado, portanto, minha alma, para não te deixares oprimir pelo sono, para não ser entregue a morte e encerrada fora do reino! Ao contrário, vigiando grita: Santo, Santo, Santo és tu, ó Deus! Pela intercessão da Mãe de Deus, tem piedade de nós!

A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

sábado, 7 de novembro de 2009

ASSINAR UM ÍCONE ?

Numa obra de arte é comum perceber a assinatura do seu autor, pois o privilegia. Para o expectador, ele contempla a obra e, pela visão, é atraído pela beleza e aí redirecionado ao nome por causa da assinatura. Nesse caso o nome do autor é a identidade do prazer atribuído à beleza.
Na iconografia, o artista “serve” a cânones estabelecidos pela Tradição da Igreja com os seus dons e técnicas.

“Os artistas e os materiais são meios, pois
o verdadeiro iconógrafo é o Espírito Santo”

(Cláudio Pastro. Arte Sacra: O espaço sagrado hoje, pág. 217).

Assim a evidência não deve ser direcionada ao autor, mas à maior glória de Deus e da sua Santa Igreja. O iconógrafo somente cede seus dons ao Doador dos dons e canta como o salmista:

“Não a nós, o Senhor, não a nós,
ao vosso nome, porém, seja a glória
porque sois todo amor e verdade!”

(Sl 115,1)

Por isso, em muitos ícones, não se assinam e, quando assinados, vêm antecedidos pela frase: por mão de, pois se apresenta não como “criador”, como se costuma dizer agora, mas como simples executor e transmissor de uma obra querida pela Igreja.



Este ícone apresenta no canto inferior esquerdo (de quem olha) a assinatura:
Mosteiro da Anunciação - Patmos, 1995 - Por mão de + Markelles Monge

“Este modo de assinar aparece nos ambientes cretenses e venezianos a partir do séc. XVI, como reação ao uso ocidental dos artistas, desde a Renascença, de assinar como próprio nome suas obras” (Georges Garib. Os Ícones de Cristo: história e culto, p. 282).
Alguns ícones modernos já aparesentam uma assinatura do próprio autor, mas fica a questão de que quem se sobressai não é o Mistério Representado, mas o "artista". Assim o autor da pintura reduz a teologia e o mistério do ícone em um "mero" quadro dentre outros.