quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CAPA DE LIVRO

Uma pequena parceria que o Atelier de Iconografia SANTA CRUZ conseguiu para a difusão das imagens dos seus ícones, foi com a publicação de um livrinho de devoção mariana, escrito pelo Pe. André Lima, superintendente da RÁDIO NOVA ALIANÇA.


O livro: "Eis a Serva do Senhor: Teologia e Devoção" leva, na capa, a imagem do ícone da Theotokos Psychosostria e, no interior, mais outros dois ícones. É um motivo de felicidade muito grande, saber que nossos ícones estão sendo utilizados para iluminar os textos de evangelização e devoção.

Esperamos assim que outros autores e editoras se identifiquem com os ícones do Atelier de Iconografia Santa Cruz e nos proponham outras parcerias.


A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

EXPOSIÇÃO DO ATELIÊ THEOTOKOS PANTANASSA

Iniciou hoje (dia 02/12) uma belíssima exposição do Ateliê de Iconografia Theotokos Pantanassa, da professora e mestra Marina Sisson, no SESC - DF. Contando com mais de 30 peças, de várias dimensões e técnicas, porém obedecendo a mesma temática: ícone.

"Iconografia Cristã: Ocidente e Oriente unidos pela fé" é o título e tema da exposição que reuniu os trabalhos da mestra e de alguns alunos (destaco aqui Madalena e Luíza).

Para aqueles que admiram e veneram os santos ícones, podem conferir essa exposição no

TEATRO SESC SILVIO BARBATO
SCS Q. 02 bl. C n. 227
Brasília - DF

De 02 a 16 de dezembro de 2010. De segunda a sexta-feira, das 8h às 21h.

Para aqueles que não poderão comparecer e que, mesmo assim admiram essa arte teológica, fica aqui algumas fotos para desfrutarmos desse momento.








A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

BÊNÇÃO DO ÍCONE DE CRISTO


O ícone a ser bento é colocado sobre uma mezinha diante do ambão e o sacerdote, depois de ter incensado o ícone, inicia com uma invocação a Deus, dizendo:


Senhor Deus Onipotente, Deus de nossos pais, pedistes, no Antigo Testamento, que fossem feitas para a tenda da reunião imagens de Querubins e enfeites em madeira e ouro; não rejeiteis, hoje, as imagens que pintamos a veneração e a edificação dos vossos fiéis servidores, a fim de que, contemplando-as, vos glorifiquemos e sejamos dignos de receber a vossa graça e o vosso Reino. Nós vos pedimos, volvei agora o vosso olhar sobre este ícone (ou ícones), desenhado e pintado em honra de vosso Filho Amado e em memória de sua salvífica encarnação e de todos os milagres e benefícios e, abençoai com a vossa bênção celeste e santificai-o, assim como aqueles que o venerarão e rezarão diante dele. Livrai-os de todas as aflições e necessidades e de todo o mal da alma e do corpo, tornando-os dignos da vossa graça e misericórdia. (Com voz forte diz) Porque vós sois a nossa santificação e nós vos damos glória, Pai, Filho e Espírito Santo, agora e sempre e nos séculos dos séculos.


Continua a invocação, dizendo: Escutai Senhor meu Deus, da vossa santa morada e do trono de glória de vosso reino, e mandai, misericordiosamente, a vossa bênção sobre este ícone (ou ícones) e pela aspersão desta água benta, abençoai-o e santificai-o. Dai-lhe poder de cura, afastando de todo mal, enfermidade e maquinações diabólicas a todos aqueles que acorrerão e implorarão junto a esse ícone. Nós vos pedimos e para vós nos voltamos: que as suas súplicas sejam sempre ouvidas (Em voz forte:) Pela graça e misericórdia de vosso Filho Unigênito, com o qual sois bendito e com vosso santo e vivificante Espírito, agora e sempre e nos séculos dos séculos.


Ass.: Amém.


O Sacerdote asperge com água benta o ícone dizendo:

Este ícone está abençoado pela graça do Santíssimo Espírito e pela aspersão desta água benta, em nome do Pai, do Filho + e do Espírito Santo. Amém. (repete três vezes)


O leitor diz a oração seguinte e o Salmo 88 com três Aleluias finais.


Veneramos a vossa puríssima imagem, ó Bom, pedindo perdão pelas nossas culpas, ó Cristo Deus. Quisestes livremente elevar o vosso corpo na Cruz, a fim de libertar da escravidão do inimigo todos aqueles que vós plasmastes. Reconhecidos, a vós clamamos: enchestes de alegria o universo, ó nosso Salvador, que viestes para salvar o mundo.


Salmo 88


Terminando o sacerdote diz: Aquele que antes da sua paixão reproduziu sobre um linho a imagem da sua puríssima face divina e humana, Cristo nosso verdadeiro Deus, pela intercessão de sua Mãe Imaculada e de todos os seus santos, tenha piedade de nós e nos salve, como bom e amigo dos homens.


Ass.: Amém.



A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

domingo, 31 de outubro de 2010

OS SIMBOLOS NA ICONOGRAFIA


Há duas formas de se perceber os símbolos presentes nos santos ícones, de formas indiretas e diretas.


Os símbolos perceptíveis de forma indiretas são, como já dissemos, aqueles que se encontram na construção do esquema iconográfico, ou seja, as figuras geométricas que são esboçadas desde o projeto, antes de receber a imprimação na madeira e as camadas picturais.


Já os símbolos que são percebidos de forma mais diretas são aqueles que estão diante dos olhos, mas justamente por ser um símbolo, coloca um sentido a mais naquilo que se vê. É a teologia simbólica presente no ícone. De acordo com Mircea Eliade, quando há a manifestação do sagrado num objeto qualquer, este torna-se uma outra coisa e, contudo continua a ser ele mesmo, porque continua a participar do meio cósmico envolvente.


Assim, num ícone do Batismo de Jesus Cristo (Θεοφάνεια το Κυρίου μν ησο Χρηστο), por exemplo, a ÁGUA é percebida diretamente na imagem apresentada, mas não o seu sentido; a água é uma representação simbólica de purificação e morte: submerge o homem velho e emerge das águas o homem novo. A água possui a virtude purificadora. A imersão do batismo é regeneradora, opera um renascimento, no sentido de que há morte e vida.


A água também é vista como “fonte da vida”, associando à fertilidade e opondo-se ao deserto. Deus é visto como “fonte de água viva” e a alma como o cervo sedento em busca da água viva (cf. Sl 42, 2-3).


Um símbolo negativo também está agregado à imagem da água, como por exemplo, o dilúvio.


O ALTAR traz uma simbologia toda em particular. É o lugar onde o Sagrado se condensa com maior intensidade. Sobre o altar se cumpre o sacrifício. Simboliza o centro do mundo, o lugar e o instante em que um ser se torna sagrado. É a mesa do banquete eucarístico, no cristianismo quase sempre celebrado sobre o túmulo de um mártir.


A ÁRVORE é um dos símbolos mais significativos e mais difundidos. Na iconografia e literatura cristã há uma relação simbólica entre a árvore do Paraíso e a cruz de Cristo que “nos devolveu o Paraíso” e que é a “verdadeira Árvore da Vida”.


A árvore da vida está plantada no meio do Paraíso rodeado pelo rio de quatros braços (Gn 2, 9-10). Anuncia a salvação messiânica e a sabedoria de Deus (Ez 47,12; Prov 3,18). A árvore da vida diz respeito somente àqueles que lavaram as suas vestes (Apoc 3, 7-22). A árvore da vida, a primeira aliança anunciada a cruz da segunda aliança. A árvore da vida do Gênesis prefigura a árvore – cruz.


A profundidade do símbolo da árvore é extremamente espiritual. Ela une o mundo subterrâneo, através de suas raízes, ao mundo terreno, através do tronco e das folhagens e, deste, ao mundo espiritual, através da copa.


Um símbolo muito importante na iconografia é a vara do tronco de Jessé, que se lê em Is. 11, 13) e tem inspirados muitos ícones.


O símbolo da Virgem Maria, Mãe de Deus; simboliza a igreja universal, simboliza o Paraíso onde estão os escolhidos; simboliza a árvore genealógica onde culmina com a chegada da Virgem e de Cristo e se une com a cruz, Nova Aliança.


O Arco Íris é o símbolo de ponte entre o céu e a terra. Expressa, sempre e em todo lugar, união, relação e intercambio entre ambos. É símbolo da primeira aliança (sinal de pacto) entre Deus e o homem depois do dilúvio (cf. Gn 9, 12-17); símbolo de ascensão; de conclusão e de princípio da segunda Aliança.


O BÁCULO em sua forma de semicírculo ou círculo aberto significa o poder celeste aberto sobre a terra. Símbolo de autoridade que emana do céu. Cumpre relacioná-lo com o cajado do pastor. O gancho que tem na extremidade permite puxar para o seio do rebanho a ovelha desgarrada.


O CANDELABRO é símbolo da luz espiritual, de semente de vida e salvação. Símbolo da divindade e da luz que ela distribui entre os homens.


A CAVERNA / GRUTA simboliza o lugar subterrâneo ou, até mesmo, o mundo.


O CÍRIO / LÂMPADA / VELA simbolizam, mutuamente, a luz e a iluminação. É um objeto ritual, as igrejas se iluminam com velas. O cristão oferece velas aos ícones como símbolo de oração, de sacrifício, amor e presença. Também é símbolo de santidade e de vida contemplativa.


O CORDEIRO é o símbolo da simplicidade, inocência, obediência, pureza, doçura. É considerado o animal de sacrifício por excelência. É a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, imolado em sacrifício por todos nós.


Assim, do derramamento do sangue redentor do Cristo na cruz não deixa de estar relacionado com o sangue salvador do cordeiro sacrificado, com o qual os judeus recobrem os montantes e o dintel da porta, a fim de afastar de suas casas as forças do mal.


O CRÂNIO aparece na iconografia como símbolo de morte, da redenção e da ressurreição. Aparece nas profecias do Antigo Testamento com relação à ressurreição e aparece também nas vestes dos monges eremitas como símbolo da morte para o mundo e sua dedicação a Deus.


Apontando para os quatro pontos cardeais, a CRUZ é, em primeiro lugar, a base de todos os símbolos de orientação, nos diversos níveis de existência do homem.


A iconografia se apoderou da cruz para exprimir o suplício do Messias, mas também a sua presença. Onde está a cruz, aí está o crucificado. Convém sempre distinguir a cruz do Cristo padecente, a cruz patíbulo, da cruz gloriosa, que deve ser vista num sentido escatológico. A cruz gloriosa, cruz da parousia, que deve aparecer antes da segunda vinda do Cristo, é o signo do Filho do Homem, signo do Cristo ressuscitado.


O DESERTO é um lugar povoado de demônios (cf. MT 122, 43). Jesus foi tentado no deserto, e os eremitas, como Santo Antão, sofreram nele o assalto dos demônios. Terra árida, desolada, sem habitantes, o deserto significa para o homem o mundo afastado de Deus. É símbolo do retiro e batalha espiritual.


O DRAGÃO nos aparece essencialmente como um guardião severo ou como símbolo do mal e das tendências demoníacas.


São Jorge ou São Miguel em combate com o dragão, representados em tantos ícones, ilustra a luta perpétua do bem contra o mal. Sob as formas mais variadas, o tema obsessiona todas as culturas e todas as religiões e aparece até no materialismo dialético da luta de classes.


A ESCADA simboliza as mais variadas formas de relações entre o céu e a terra. É símbolo de ascensão gradual e de evolução. A quantidade de degraus corresponde a um número sagrado (sete em geral). É sinal simbólico da escada das virtudes sendo o primeiro degrau a humildade. Os mosteiros como lugares de evolução espiritual são designados “Scala Dei”.


Se nos limitarmos ao método, encontramos a noção de escada (gr.: clímax) nos padres da Igreja, principalmente em São João Clímaco – que lhe deve seu sobrenome, trata-se de uma cuidadosa gradação dos exercícios espirituais, galgando degrau por degrau. “Desse modo se chegará”, diz São Simão, o Novo Teólogo, “a deixar a terra para subir até o céu”. E Santo Isaac, o Sírio: “A escada deste reino está escondida dentro de ti, na tua alma. Lava-te, pois, do pecado, e descobrirás os degraus por onde subir”.


O ESCUDO é o símbolo da arma passiva, defensiva, protetora, embora às vezes possa ser também mortal. Para São Paulo, o escudo é a Fé, contra a qual se romperão todas as armas do Maligno.


A ESPADA é símbolo do estado militar e de sua virtude, a bravura, bem como sua função, o poderio. Quando associada à balança, ela se relaciona mais à justiça; separa o bem do mal, golpeia o culpado.


Às vezes, a espada designa a palavra e a eloquência, pois a língua, assim como a espada, tem dois gumes.


O FOGO, considerado sagrado, purificador e regenerador. No apocalipse, a imagem do divino aparece como rodas de fogo. No Antigo Testamento, Deus aparece na coluna de fogo e na sarça ardente. Símbolo da presença e manifestação de Deus.


A IGREJA é considerada a Esposa de Cristo e a Mãe de Cristãos. E, sob esse aspecto, se lhe pode aplicar todo o simbolismo da mãe.


O INCENSO está ligado à elevação das preces aos céus.


O LÍRIO é o sinônimo de brancura e, por conseguinte, de pureza, inocência, castidade e virgindade. O lírio simboliza também o abandono à vontade de Deus, isto é, à Providência, que cuida das necessidades de seus eleitos (cf. MT 6, 28).


O LIVRO / ROLO indica o próprio Cristo, Palavra de Deus, Verbo Encarnado. Às vezes, toma o simbolismo do Livro da Vida, onde os nomes dos eleitos estão escritos.


A MONTANHA possui um simbolismo de união do céu com a terra e de ascensão espiritual. As grandes hierofanias se dão nas montanhas: Sinai ou Horeb, Sião, Tabor, Garizim, Carmelo, Gólgota, os montes da Tentação, das Bem-aventuranças, da Transfiguração, do Calvário e da Ascensão.


O ÓLEO é o símbolo da purificação por causa do poder de limpeza. A unção com o óleo desempenha um importante papel sacralizante: unge-se coisas e homens.


A PALMA é universalmente considerada como símbolo de vitória, de ascensão, de regeneração e de imortalidade.


Existem vários significados para o símbolo do PEIXE. O principal e mais difundido é quanto à palavra grega Ichtus (= peixe) é uma forma de ideograma, sendo que cada uma das 5 letras gregas vista como inicial de palavras que traduzem por: Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador.


O peixe, visto como alimento é transformado em símbolo do alimento eucarístico ao lado do pão.


O peixe dentro d’água estende o simbolismo, vendo nele uma alusão ao batismo: nascido da água do batismo, o cristão é comparado a um peixinho, à imagem do próprio Cristo.



A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

PALESTRA: Iconografia Bizantina


Palestra:
Iconografia Bizantina e Arte Eclesiastico

Palestrantes:
Professor Gerardo Zenteno

Padre Juan Rustom

Dia 17 de setembro de 2010
às 19:30h

Maiores informações:
Igreja Ortodoxa São Jorge
SHIS QI 09, Área Especial, Lago Sul - DF
(61) 9992-2002

A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

GRANDES MESTRES ICONÓGRAFOS

Disponibilizamos, abaixo, o nome de alguns dos principais representantes da iconografia russa e grega. Sem esgotar a lista do número de grandes mestres da arte, que serviram com humildade, anonimamente ou não, pequenos e grandes, cujos nomes estão escritos no Livro da Vida.

Evangelista São Lucas

Numa postagem anterior já mensionamos este santo como o patrono dos iconógrafos e o primeiro iconógrafo. Autor de ícones de tipologia mariana, porém nenhum desses permanece até os dias de hoje.

Dionísio de Furná (Διονύσιος εκ Φουρνά)

Nascido por volta de 1670 na aldeia de Furná de Halkis. Escreveu muitos ícones portáteis, como também murais (afrescos), principalmente na Igreja do Santo Precursor, no Monte Athos (Άγιον Όρος), onde ele morava. Grande admirador do trabalho de Manoel Panselinos, que tentou imitar. Ele é considerado um dos mais significativos hagiógrafos de seu tempo. Tendo profundo desejo de trazer de volta a tradição bizantina que estava em declínio, devido à influência do estilo ocidental escreveu a "Hermenêutica da Pintura". Devido à sua grande ligação com os protótipos tradicionais, sofreu perseguições por seus colegas e foi forçado a deixar o Monte Athos. A data precisa do seu repouso nos é desconhecida.

Manoel Panselinos

Grande mestre iconógrafo do século XIV e um dos mais importantes representantes da Escola Macedonica. Segundo a tradição ele era de Tessalônica, Grécia. Somente a partir de Dionísio de Furná em seu manuscrito "Hermeneutica da Pintura", que se ficou sabendo que a hagiografia da Igreja de Protato (Πρωτάτο Καρυών), no Monte Athos, era de Manoel Panselinos. Dionísio conta, ainda, que Panselinos escreveu alguns ícones portáteis, porém não nos dá maiores informações sobre eles. Finalmente, a hagiografia da Capela de Santo Eutímio, em São Demétrios, em Tessalônica, acredita-se, foi feita por Panselinos devido à semelhança em relação à técnica e aos traços feitos na Igreja de Protato (Πρωτάτο Καρυών).

Monge Andreij Rublëv (Андрей Рублёв)

Santo monge e iconógrafo da Igreja Russa. Nascido em 1360 e falecido em 1430 é considerado o maior pintor russo de ícones, afrecos e miniaturas para iluminuras. Há pouca informação sobre sua vida. A primeira mensão de Rublëv é em 1405, quando ele decorou os ícones e afrescos da Catedral da Anunciação, no Kremlin, em Moscou. Na arte de Rublëv duas tradições se combinam: o mais alto ascetismo e a harmonia clássica das maneiras bizantinas. As personagens em suas pinturas são sempre calmas e pacíficas. Mais tarde, sua arte se tornou o ideal quando se fala em pintura de igrejas e arte icônica. Rublëv foi canonizado em 1988, pela Igreja Ortodoxa Russa.

Teófanes, o Grego (Θεοφάνης)

Foi um artista grego bizantino e um dos maiores pintores de ícones da Moscóvia, professor e mentor de Andreij Rublëv. Teófanes nasceu na capital do Império Bizantino, Constantinopla (1340). Em 1370, mudou-se para Novgorod e, em 1395, para Moscou. Teófanes conhecia filosofia e tinha uma ampla erudição. Decorou em afresco as paredes e tetos de várias igrejas, entre elas: A Igreja da Transfiguração na Rua Ilin, em Novgorod (1378), a Igreja da Natividade de Maria (1395) e a Catedral da Anunciação, ambas no Kremlin, junto com Andreij Rublëv e Prokhor de Gorodets (1405). Sua morte data-se do ano de 1410.

Prokhor de Gorodets (Прохор с Городца)

Pintor medieval russo de ícones, possivelmente o professor de Andreij Rublëv. Junto com Rublëv e Teófanes, o Grego, Prokhor pintou vários afrescos na velha Catedral da Anunciação, no Kremlin, em 1405 (a Catedral foi reconstruída em 1416). Historiadores russos atribuem um número de ícones dessa catedarl a Prokhor, incluíndo as obras na iconóstase da igreja.

Andreas Ritzos

Iconógrafo que viveu na segunda metade do século XV. Seus trabalhos são encontrados na Itália e na Ilha de Patmos.

Photis Kontoglou (Φώτης Κόντογλου)

Nasceu em 1895. Após a morte de seu pai, seu tio, o padre e monge Stephan Kontoglou, abade do mosteiro de Saint Paraskevi, assumiu sua custódia. Em 1923, em viagem para Monte Athos, descobriu a hagiografia bizantina e, desde então, lutou para o renascimento da arte. Durante a década de 1950-60 chegou ao ápice de sua eficácia hagiográfica. Escreveu vários ícones portáteis e murais em afresco. Considerado o restaurador da hagiografia ortodoxa e grande fiel da tradição ortodoxa. Repousou em 13 de julho de 1965, devido a complicações sofrido em um acidente automobilístico.



A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

LIVRO SOBRE ÍCONE: S. Licari

O Ícone: uma escola de oração

O padre Saverio Licari, é natural de Palermo, na Itália, e Mestre em Teologia Moral. Com um currículo rico e diversificado, utiliza do seu conhecimento para nos aproximar da iconografia cristã bizantina por meio desse pequeno livro.

Subtitular um livro como "Uma escola de oração", sugere que em seu interior o autor nos aponte passos de uma oração centrada no seu objeto de exposição, ou seja, "o Ícone". E assim, o pe. Licari o fez muito bem. Inicialmente, apresenta a fundamentação teológica e bíblica da imagem sagrada. Em seguida, oferece a meditação, a interpretação e a descrição teológico-espiritual do que é considerado o "ícone dos ícones": a Santíssima Trindade, do santo monge iconógrafo Andreij Rublev.

De uma forma simples e acessível esse livro é uma introdução sobre o tema. Introdução esta que nos apresenta recheado de passagens de documentos da Igreja católica ocidental, o que nos torna mais próximos dessa riqueza artística-espiritual dos santos ícones.

Editora: Loyola
Ano: 2010
Número de página: 126
Formato: Médio 14 x 21 cm
ISBN: 85.15.03725-4

Uma boa referência bibliográfica e que deve constar nas estantes de todos os interessados no assunto.


A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

domingo, 27 de junho de 2010

A OLIFA


Sobre um ícone, o verniz, não serve somente para proteger a pintura da umidade, da ação da luz ou do ar e lesões mecânicas. O verniz do ícone, a olifa, é um óleo que penetra e unifica as diversas demãos de camadas de tintas para dar uma harmonia típica, feita de luz e profundidade e para preservar a vivacidade das cores ao longo dos séculos.

Todavia a olifa também apresenta defeitos: ela seca muito lentamente, absorve a fumaça das velas e, ainda, forma sobre o ícone antigo uma camada escura. Acreditava-se até o início do século passado que os ícones tinham um tom muito escuro, porém a primeira restauração científica fez aparecer, ao contrário, as cores vivas e alegres da Idade Média. Além disso, as camadas densas de olifa são sensíveis às mudanças de temperatura. Mas, se o envernizado for bem feito, esses problemas podem ser evitados.

COMO FAZER

Aquece-se em um recipiente o óleo de linhaça de boa qualidade. Quando a começar a sair fumaça (uma temperatura de 285 graus), se retira do fogo e adicione, mexendo com um bastão, o pó que serve como secante, na seguinte proporção:

- Acetado de Cobalto 3% (3 g/litro);
- Óxido de Chumbo* 7 - 8%.

Após o esfriamento do óleo pode ser filtrado para retirar o excesso de impurezas, em seguida despeje em um frasco limpo, transparente e com tampa. Para clarear essa solução, exponha-o à luz ou ao sol, certificando que o frasco esteja bem fechado. Alguns iconógrafos dissolvem alguns cristais de Damar em terebintina e acrescentam ao óleo. Na Grécia essa olifa é exposta ao sol durante quarenta dias para obter uma melhor qualidade.

A preparação da olifa é bem difícil e nem sempre é bem sucedida. Também é difícil encontrar o pó secante em pouca quantidade.

MODO DE USAR


Após ter analizado cuidadosamente e removida toda poeira do ícone, despeje a olifa sobre a superfície do ícone e espalhe com os dedos ou com um pincel macio. A camada deve ser bastante espessa. O ícone deve permanecer na horizontal. Para proteger de poeiras, cubra com uma tela. Depois de 20 minutos pode-se alisar a olifa com a palma da mão, porque é absorvido de modo irregular. Depois de outros de 20 minutos o excesso de olifa pode ser retirado com as mãos.
Deixe secar sob a tela, por mais ou menos um dia e meio. Pode, ainda, dar mais duas demãos de olifa, sendo que cada uma dessas demãos seja uma camada mais fina. Ao final do trabalho a camada deve estar suave e levemente brilhante, como se estivesse passado cera.
Quando o ícone estiver completamente seco (por vezes, ocorre algumas semanas), pode cobrir com uma demão rápida de goma laca. Assim a poeira não se fixa à superfície.

Depois do envernizamento o ícone está pronto.

Toda descrição acima não transmite a experiência de gerações de iconógrafos; torna-se necessário o contato com um iconógrafo experiente. Além disso, nenhuma outra técnica de pintura (a óleo ou aquarela) oferece a possibilidade de expressão da têmpera a ovo que responde às exigências de uma estética própria do mundo espiritual do ícone.

* é bom lembrar que o Óxido de Chumbo é altamente tóxico e merece um cuidado extremo.

A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A ICONOSTASE


As Igrejas Católicas Bizantinas são projetadas para manifestar, em sua arquitetura e organização, o Reino de Deus aqui na Terra. Para entender o que é uma iconostase (rus.: иконостас) precisamos entender os diferentes espaços do edifício da igreja.

O Santuário, também conhecido como o Santo dos Santos (parte destinada ao clero), é a área elevada localizada na parte frontal da igreja. Normalmente essa área se encontra na parte mais Oriental do edifício da igreja para mostrar que estamos ansiosos para a vinda de Cristo, junto com o nascer do sol. O Altar ou a Santa Mesa torna presente, de um modo particular, a mesa do Senhor, ao banquete para o qual todos são chamados. Na Santa Mesa são colocados o Livro dos Evangelhos e os dons durante a Divina Liturgia e, no centro da mesa, está o tabernáculo que contém a Eucaristia reservada.

A Nave é a parte central do edifício da igreja que manifesta na Terra o caminho do mundo em direção a Cristo. Neste espaço encontramos todos os fiéis (pessoais e espirituais). Cercando o povo, nas paredes, estão os ícones (sacramentais que invocam a presença do ser representado) festivos, mostrando a ação de Deus na história da salvação. E, finalmente, diretamente acima de nós, na cúpula (isso quando houver), estaria um grande ícone do Pantocrator ("Aquele que tudo rege"). A paritr deste ícone de Cristo, pende um lustre bem elaborado que nos mostra que Cristo é a "Luz do Mundo".

O Nártex é a entrada da Igreja. Ela representa a Terra. Na ação da passagem do nártex apra a nave da igreja começa a nossa jornada para o Reino dos Céus. No batismo nós primeiro renunciamos o que mundano e nos voltamos para Cristo. Esse movimeto do nártex à nave mostra o progresso em nossa vida espiritual. Da mesma forma, no final de cada Liturgia somos enviados a irmos "em paz", carregando Cristo em nós a fim de espalhar a boa notícia com nossas palavras e ações.

Se o lugar onde se encontra o nártex e a nave é especial, também o é o espaço onde une o altar e a nave. Neste lugar "o Céu e a Terra se unem". Deus e o homem se encontram.

A Iconostase é a parede de ícones que fica no ponto de encontro do santuário com a nave. É, literalmente, uma "estante para ícones". Não é uma estrutura que divide as pessoas do altar, mas é um marcador da unidade das duas realidades: terrena e divina. Os próprios ícones são objetos que unem o mundo criado com o divino. Os ícones são as janelas através do qual há esse encontro. Muito mais que a arte religiosa estilizada, eles são sacramentais, ou seja, tornam presente a realidade dos divino.

Quando contemplamos os ícones das iconostases, vemos os caminhos que Deus percorre em nosso mundo (é a história da Salvação). O ícone da Mãe de Deus (Theotokos) que se encontra no lado esquerdo da porta central, mostra-nos não só a mãe que nos deu o Cristo; não apenas o modelo de humildade e obediência; nao apenas o modelo da própria Igreja. Este ícone não nos mostra apenas a Theotokos, mas o próprio Jesus Cristo, filho de Deus. No lado direito da porta central se encontra um ícone de Cristo, como ele está hoje. E, entre estes dois ícones, encontramos os Santos Evangelhos e a Eucaristia.

Entre estes dois ícones tembém podemos encontrar um conjunto de três portas, sendo que a mais importante é a porta central, chamada Porta Real (ou do Paraíso) e abrem para permitir que Deus entre em nossas vidas. Através destas portas qeu o Santo Evangelho, a Eucaristia e todas as bênçãos nos provêm quando nos encontramos na Igreja. Nela está representada o princípio da nossa salvação, ou seja, o ícone da festa da Anunciação, onde o Arcanjo Gabriel aparece pintado sobre a porta da esquerda e a Virgem Santíssima sobre a porta da direita. Além disso, vemos os quatro evangelistas que, com seus escritos, nos permitem conhecer os mistérios e acontecimentos de nossa salvação. As portas reais permanecem abertas durante os serviços, de modo que possamos olhar para frente e irmos ao encontro de Cristo.

Ao lado dos dois principais ícones de Cristo e da Theotokos estão as portas dos diáconos. Nestas portas vêm frequentemente representados com as imagens dos Arcanjos ou de algum diácono, pois através delas é que passam aqueles que servem a Divina Liturgia.

Ainda, seguindo a iconostase, temos, ao lado dessas portas, os ícones dos santos padroeiros da paróquia. E, acima deste nível de ícones temos uma linha de ícones festivos, que retratam todos os eventos importantes na história da salvação. Em algumas iconostases, diretamente acima da porta real, temos o ícone da Ceia Mística, onde retrata Cristo na última ceia junto com os apóstolos. E, em outros casos, vemos neste mesmo lugar, o ícone da Crucificação.

Nas igrejas de origem russa, a iconostase teve um grande desenvolvimento também em altura. Nas antigas igrejas bizantinas, as cenas teofânicas principais que se enquadravam e acompanhavam as celebrações litúrgicas eram, em geral, em mosaicos nas paredes. Na Rússia, onde frequentemente existiam igrejas de madeira, na impossibilidade de afrescar as paredes, a decoração se concentrava na iconostase. Isso contribuiu para o desenvolvimento da iconografia, pois os artistas compreenderam que cada ícone não era uma composição em si mesma, mas o elemento de um todo.

A história da Salvação é o contexto que ilustra toda a construção de uma iconostase. E, assim, pode-se admirar em vários planos ou em níveis de ícones (até seis) a representação de toda a Igreja Triunfante: os patriarcas, os profetas, os apóstolos, os anjos e os santos. Todos colocados de uma ponta à outra, convergindo poara a composição central de Deésis, isto é, Cristo em majestade, tendo de cada lado a Virgem e São João Batista na atitude de intercessão. Quase sempre, temos também o plano dos ícones com as "doze grandes festas" do ano litúrgico bizantino.

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A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O PANTOCRATOR: "Aquele que tudo Rege"


Meditação sobre o Pantocrátor


Ele é, ao mesmo tempo, o Filho de Deus humanado e o Deus que reina, que tudo rege, o Pantocrator. Ele é pintado ao mesmo tempo severo e manso. De toda a sua pessoa transpira a fragrância de perfume espiritual. De sua cabeça imaculada e da sua cabeleira se desprende uma refinada grandeza; dos seus olhos, amor, mas também seceridade, aquele de quem "percruta os corações e os rins"; do seu nariz equidade e misericórdia; da sua boca, paz e perdão; das suas faces, clemência e bondade; do seu pescoço e dos ombros, misericórdia e piedade; da sua mão direita, bênção e indulgência; da esquerda, que segura com força o santo Evangelho, se origina a Lei vivificante que conforta os abatidos; o seu queixo redondo manifesta doçura e longanimidade. Da sua boca emana o óleo da santidade; do manto que o envolve, como a nuvem ao sol, se efunde a imensidão do todo.

O Pantocrator infunde na alma devota todos os santos sentimentos, sendo ele, grande, poderoso, criador, onividente, suave, amigo dos homens, salvador, juiz, humilde, severo, misericordioso. Ele é, segundo a palavra de Ezequiel, "a Águia grande de grandes asas, que voa eterno e incorrupto sobre o mundo caduco". Para ele "mil anos são como o dia de ontem que passou". Ele é duro para os maus, ao passo que para os que crêem e os humildes é Sol imortal, Fonte de vida e vivificante. Ergendo para ele os seus olhos, estes gritam com júbilo: "Na luz gloriosa da tua face caminharemos para sempre".

Ele vigia lá em cima dia e noite, de manhã e de tarde, no inverno e no verão, sem mudança, eterno, desde antes dos séculos dos séculos e nos séculos dos séculos. O sol sensível nasce e se esconde, mas o Senhor não se cansa de abençoar da sua morada o mundo pecador. O Senhor vigia sereno sobre o mundo dia e noite, no século do século.

*Photios Kontoglou (1895-1965)



A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

LIVRO SOBRE ÍCONES: G. Parravicini

A Vida de Maria em Ícones

Giovana Parravicini, organizadora de várias publicações referentes à história da Igreja Russa, concede uma atenção a este livro com uma especial importância em apresentar o conhecimento da vida da Mãe de Deus pelas sagradas iconografias russas. A introdução desta obra fica ao encargo do Padre Stefano Di Fiores, teólogo mariano, onde ressalta que "o verdadeiro ícone de Maria [...] é aquele que manifesta seu mistério, isto é, que leva o cristão ao conhecimento e ao amor do Filho, do Espírito e do Pai".

Preciosos e raros ícones orientais, como pedrinhas de um mosaico, são dispostos para formar a vida da Virgem. O intinerário é acompanhado de um comentário que guia com facilidade o leitor na interpretação das imagens e símbolos.

Uma vida de Maria narrada com os escritos dos grandes Padres da Igreja ortodoxa, os hinos e os cânones da liturgia bizantina.

O caminho da beleza para entrar no coração do mistério cristão e deixar-se envolver pelo fascínio da Mãe "que carrega o Menino", que mostra e o entrega aos crentes.

Editora: Loyola
Ano: 2008
Número de páginas: 192
Formato: Brochura - 17 x 24 cm
ISBN: 85-15-03570-0

Grande relevância tem esta obra para os apreciadores da iconografia da Igreja Católica Oriental. É mais um referencial bibliográfico que não pode faltar na estante dos estudiosos sobre o assunto.

A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

terça-feira, 18 de maio de 2010

TIPOLOGIA ICONOGRÁFICA DE JESUS CRISTO

Neste tópico apresentaremos a tipologia dos ícones de Cristo que nos são representados de forma repetida e em vários aspectos. Assim enumeramremos os três tipos básicos: o Emanuel, o Mandilion e o Pantocrator. Num momento posterior apresentaremos os ícones mistéricos, ou seja, aqueles que apresentam os grandes mistérios da vida de Nosso Senhor e Deus Jesus Cristo.

Emanuel

A nomenclatura desse tipo nos advém da profecia de Isaías, quando diz: Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho e por-lhe-á o nome de Emanuel (Is 7,14). Emanuel, palavra de origem hebraica, significa Deus conosco.




Características Básicas

- Possui traços somáticos de um adolescente quase adulto refulgente de juventude;
- Usa as mesmas vestes do Cristo adulto;
- Sua fronte mais avantajada enfatiza a simbologia da sua inteligência e sabedoria.

Campo de Aplicação

Como vimos na tipologia iconográfica da Mãe de Deus, numerosíssimos ícones marianos (Odighítria, Eleousa, Galaktrotrophousa etc.) estão presentes a figura do Emanuel, dessa forma vemos que a personagem principal não é Maria, mas o Menino que ela leva nos braços.


Nos ícones festivos que Jesus aparece como criança. Dentre estes recordemos as representações do Nascimento de Jesus, da Adoração dos Magos, da Fuga para o Egito, da Circuncisão, da Apresentação no Templo, do Menino Jesus entre os doutores, dentre outros.
Cristo é apresentado no tipo Emanuel, que destaca o aspecto temporal de Cristo, no qual ele dá testemunho à verdade da encarnação: o Verbo de Deus que conheceu a idade da infância e da adolescência. Em todas as idades da sua jovem vida, Cristo permanece a mesma Sabedoria hipostática do Pai.

No ícone da Divina Sabedoria, o Emanuel aparece representando a Sabedoria que estava em Deus antes dos séculos. Este ícone possui sua inspiração no capítulo 9, do livro dos Provérbios. Partindo ainda desta inspiração o Emanuel se apresenta nos ícones chamados Anjo (ou Mensageiro) do Grande Conselho.

Nos ícone da Sinaxe dos Incorpóreos, o Emanuel aparece num escudo e a meio busto, rodeado de anjos. Este ícone é destinado às festas dos anjos, mas a reunião faz pensar numa espécie de decisão comum, anterior à encarnação, de levar ao mundo a notícia do futuro nascimento do seu Senhor e Criador.

Mandilion

O tipo iconográfico Achiropita (gr.: Não feito por mão humana) ou Mandilion é considerado, por sua grande importância, como o arquétipo e a fonte de toda imagem de Cristo.

Para essa tipologia possui duas tradições apócrifas importantíssimas. A primeira, fala de um retrato de Jesus ainda vivo milagrosamente impresso por Ele num tecido - o Santo Mandilion - e por Ele mesmo enviado ao Rei de Edessa, Abgar V. Este, ao receber o retrato milagroso, teria sido curado da lepra e, posteriormente, ter-se-ia feito cristão com todo o seu reino.

A segunda tradição refere-se à Verônica, que fala do retrato facial de Jesus, a caminho do Calvário, teria estampado milagrosamente no pano que aquela piedosa mulher lhe estendera.

Características Básicas

- Representada frontalmente e sem pescoço;
- Em geral possui o bigode fundido à barba bipartida;
- Sobre a testa escorre uma mexa de cabelo, sinal de pureza e elevação de espírito;
- A boca é, geralmente, representada pequena e os olhos grandes e acentuados.

O Mandilion não possui variantes ou subtipos, mas sim uma composição de cena do sagrado Rosto de Cristo, acrescentando ao Mistério outras representações referentes à sua glória.


Pantocrator

O tipo iconográfico do Pantocrator (gr.: Aquele que tudo rege) é a representaçao bizantina mais frequentemente usada. Ele é, ao mesmo tempo, o Filho de Deus humanado e o Deus que reina, que tudo rege. Ele é pintado ao mesmo tempo severo e manso.





Características Básicas

- Representado sempre entronizado, mesmo quando mostrado a meio busto;
- Apresenta o Evangelho na mão esquerda, em formato de livro ou rolo, às vezes aberto ou fechado;
- Sua mão direita permanece em atitude de bênção;
- Possui, em geral, auréola crucífera com as três letras que revelam o nome sagrado de Deus: Aquele que é.

Subtipo ou variante

Alguns tipos iconográficos, como O Salvador das Almas e O Salvador e Doador da Vida geralmente trazem o livro fechado.

O Rei dos reis e Cristo Sumo Sacerdote é uma das variações para a tipologia que ora apresentamos. Neste ícone Cristo está revestido com paramentos dos bispos, conforme os costumes do Oriente Bizantino. E no livro, em geral, se encontra escrito algo que intensifique o título, então, de um lado se encontra: O meu reino não é deste mundo, se meu reino fosse desse mundo (...) e do lado oposto: Tomai e comei, isto é o meu corpo entregue por vós em remissão dos pecados.

Há uma grande quantidade de variantes dessa tipologia, mas não são indentificadas pela nomenclatura, quando esta vem escrita, ou pelo que se apresenta escrito no livro quando aberto. As inscrições no livro do Pantocrator, conforme postagem anterior (clique aqui!), geralmente são trechos do livro dos Evangelhos referentes ao Cristo Senhor.

Fonte bibliográfica:
DONADEO, Irmã Maria. Ícones de Cristo e dos Santos, São Paulo: Paulinas, 1997;
DUARTE, Adélio Damasceno. Ícones: E o Verbo se fez rosto e armou sua tenda entre nós, Belo Horizonte: FUMARC, 2003;
GHARIB, Georges. Os Ícones de Cristo: História e Culto. São Paulo: Paulus, 1997;
TREVISAN, Armindo. O Rosto de Cristo: A formação do Imaginário e da Arte Cristã. 2a ed. Porto Alegre: AGE, 2003.



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terça-feira, 13 de abril de 2010

RELEITURA ATUAL DO PANTOCRATOR BIZANTINO

A arte cristã primitiva proporcionou aos artistas uma vasta aplicação dos seus primeiros modelos. Depois que a imagem do Pantocrátor (gr.: Παντοκράτωρ) fora aplicado nos primeiros ícones, surgiram, posteriormente, grandes imagens da mesma tipologia feitas por artistas ocidentais contemporâneos, porém resgatando a mesma fonte: a iconografia bizantina.

Cláudio Pastro (São Paulo, Brasil, 1948) e suas "linhas essenciais" criaram uma nova espécie de "escola" de arte sacra brasileira, tornando-se referência nacional e internacionalmente.

Kiko Argüello (Leão, Espanha, 1939) nos traz, não só na arte (plástica e música), como também no culto, um modo antigo e sempre novo de se portar diante do Corpo de Cristo.


Dom Ruberval Monteiro, osb (Rolandia, Brasil, 1961) que, com sua espiritualidade beneditina, nos revela a face do Deus-Conosco através de suas linhas e cores, integrando a tradição da arte cristã no mundo contemporâneo e na Igreja de hoje.



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terça-feira, 6 de abril de 2010

TIPOLOGIA ICONOGRÁFICA DA MÃE DE DEUS

A tradição ao referir-se a São Lucas, a quem primeiro pintou a Virgem, indica também que ele tenha pintado outros três ícones que são a base dos três tipos fundamentais sempre repetidos nos ícones: a Odighítria, Eleúsa e a Orante. Veremos cada um por si e seus subtipos ou variantes.


ODIGHÍTRIA

A tipologia da Virgem Odighítria (gr.: Οδηγήτρια; rus.: Одигитрия), que significa literalmente "Aquela que indica (guia, conduz, mostra) o Caminho", mostra, com um gesto indicativo da Virgem apontando na direção de Jesus, o caminho a ser seguido. Segundo uma auto-definição do próprio Jesus, quando disse: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim (Jo 14, 6).


Características básicas:

- Posição ereta e atitude frontal ou ligeiramente voltada para o lado da Virgem;
- O Menino abençoa com a mão direita e, com a esquerda segura o pergaminho;
- O olhar da Mãe está direcionado para o espectador. É pelo olhar que a Odighítria se distingue dos outros tipos;
- A mão da Virgem que indica o Caminho está pousada sobre o peito.

Alguns subtipos ou variantes:

Portaitissa (gr.: Πορταΐτισσα) ou Guardiã da Porta, também conhecida por Porta do Céu. Uma característica única desse ícone é o que parece ser uma cicatriz na bochecha direita ou no queixo da Virgem Maria. Outro famoso ícone que obedece a essas mesmas características é o da Virgem de Czestochowa.


Perpétuo Socorro (gr.: Αμόλυντος, imaculada) ou Virgem da Paixão. A particularidade fica ao encargo do Menino Jesus que agarra firmemente com as duas mãos a mão direita da Virgem, enquanto olha, assustado, os instrumentos de sua futura paixão.



Tricherousa (gr.: Τριχερούσα; serv.: Тројеручица) ou das Três Mãos. Em geral, neste ícone, a Virgem segura o Menino Jesus com a mão esquerda e a aponta com a direita, enquanto uma terceira mão aparece abaixo. Essa terceira mão fora posta posteriormente a pedido de S. João Damasceno ainda durante a luta iconoclasta, como um pedido de restituição de sua mão esquartejada.

Aquela que deu ao mundo o Cristo-Emanuel tornou-se a Guia para todos aqueles que buscam o caminho que conduz a Ele. Dele, eles recebem a Verdade e a Vida.


ELEÚSA

Eleoúsa (gr.: λεούσα) significa "a terna", "a compassiva"; assim, quando aplicada à Mãe de Deus, passa a ser um dos títulos iconográficos marianos mais conhecidos: Virgem da Ternura. Esse título é dado pelo afeto que une Mãe e Filho e exalta a humanidade de Cristo, em contraste com o tipo Odighítria, em que a ênfase incide na Divindade dele.

Características básicas:

A Virgem leva o Menino em seu braço direito (dexiocratoúsa), aperta-o contra si e, inclinado a cabeça, toca, com sua face, a face do Filho. Este, afetuosamente, acaricia a Mãe com sua mãozinha. Essas são as principais características da tipologia iconográfica da Theotókos Eleúsa.

Alguns subtipos ou variantes:

Glykophilousa (gr.: Γλυκοφιλούσα; rus.: Гликофилуса), que significa "a do beijo doce". Como o nome indica é expressa, principalmente, através dos carinhosos beijos.






A Pelagonitissa (gr.: Πελάγων, região da planície da Grécia) esse título deriva do local geográfico onde é principalmente cultuado. É uma variante da Theotókos Glykophilousa, onde apresenta a Mãe segurando o Menino nos braços, enquanto este se encontra de costas para o espectador, porém seus olhos se direcionam para quem o olha. A Virgem com uma das mãos agarra firmemente (com mão fechada) a perna do Menino.

Galaktotrophousa é outro subtipo que significa Aquela que amamenta ou, como também é conhecida, Madona do Leite. Apresenta um conceito bastante difundido no Ocidente, a Virgem Maria que amamenta o Menino Jesus e nos lembra a passagem bíblica em que uma anônima diz: Feliz o ventre que te trouxe e felizes os seios que te amamentaram (Lc 11,27).

Acolhestes o Verbo em teu seio, mandastes em quem governa todas as coisas, ó Puríssima, alimentaste com leite a quem, com um gesto, alimenta o universo inteiro.


Orante

A tipologia iconográfica da Virgem Orante pode ser representada de três formas principais:


- A primeira aparece sozinha, com as mãos voltadas para o alto e em posição frontal;
- A segunda, se apresenta com o Menino solto sobre o peito materno (em eixo vertical com a Mãe), em posição frontal, frequentemente circunscrito em uma espécie de medalhão de forma circular (clypeus);
- A terceira, aparece voltada para o lado e com uma ou as duas mãos em atitudes de súplica, intercessão. Este tipo de Virgem Orante é encontrado mais comumente nos ícones da Deésis.

Em todas essas representações da Virgem Orante, ela nos aparece como a imagem da Mediadora entre os fiéis e Cristo, como a Intercessora, como o modelo de oração ou como a Suplicante, tal representação é identificada pelas mãos elevadas e com as palmas voltadas para os céus.


Alguns subtipos ou variantes:

Platytera (gr.: Πλατυτέρα) significa A mais vasta, ou Platytera ton ouranon (gr.: Πλατυτέρα τν oυρανν) A mais vasta que o céu. Também conhecida como Virgem do Sinal. É um ícone do tipo Orante, que carrega o Menino no peito em volta de uma forma circular. O Menino, geralmente, abençoa ora com uma, ora com as duas mãos. Ambos, Mãe e Filho portam uma atitude frontal e seus olhos se voltam para o espectador.


Uma linda variante do mesmo tipo é o ícone da Mãe de Deus do Cálice de Inesgotável Tesouro (rus.: Неупиваемая Чаша), que mostra Maria no altar, onde nenhuma mulher pode servir e oferta o Cristo Eucarístico. A verdade é que Maria está sempre presente na Santa Mesa. Deus não pode tornar-se carne humana, exceto pelo ventre da Mãe de Deus e da sua vontade e cooperação com Deus. Neste ícone o Menino aparece dentro de um cálice de ouro no altar, abençoando com as duas mãos, geralmente representado a meio busto. Enquanto a Virgem aparece coroada, em casos raros apresenta sem a coroa.

A Virgem da Deésis (gr.: δέησις) ou Intercessão, é um subtipo da Virgem Orante que aparece sempre ladeado com Cristo. Este ícone não é um ícone propriamente mariano, pois a Virgem está voltada para seu Filho, colocando-o em primeiro plano.


Existem ainda inúmeros casos em que aparece a tipologia iconográfica da Orante. Nos ícones das Festas Litúrgicas ainda aparecem a Virgem como Orante nos ícones da Ascensão de Cristo, da Crucifixão, da Anunciação, de Pentecostes e outros.


Cristo, enquanto nascido do Pai indescritível, não pode ter imagem. Com efeito, que imagem poderia corresponder à Divindade, cuja representação é absolutamente proibida pela Sagrada Escritura? Todavia, uma vez que Cristo nasceu de uma Mãe descritível, Ele naturalmente tem uma imagem que corresponde à de sua Mãe. E se não pudesse ser representado pela arte, dir-se-ia que nascera apenas do Pai e que não se encarnou.



Fonte bibliográfica:

DONADEO, Irmã Maria. Ícones da Mãe de Deus. São Paulo: Paulinas, 1997;
DUARTE, Adélio Damasceno. Ícones: E o Verbo se fez rosto e armou sua tenda entre nós. Belo Horizonte: FUMARC, 2003;
PARRAVICINI, Ciovanna (org.). A vida de Maria em ícones. São Paulo, Loyola, 2008.


A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!