A composição de um cenário num ícone não se assemelha a realidade. Muitas vezes todas as figuras que compõe este cenário (arquitetura, objetos, mundo vegetal, animal e mineral etc.)servem para enfatizar o acontecimento representado no ícone.
A representação do mundo vegetal e animal, nos ícones, são apenas indícios ou, às vezes, estão "de maneira um pouco extraordinária, além da lógica humana" (Donadeo, p. 56). As rochas e montanhas são usadas como acessórios de fundo, mas com um simbolismo todo especial, pois eram onde a presença de Deus se manifestava (Horeb, Sinai, Carmelo, Sião, Calvário etc.).
As montanhas "são representadas como se estivessem inclinadas para o santo em sinal de respeito, o que significa que até a matéria criada foi transformada pela santa presença. As árvores e a vegetação também reconhecem esta presença, inclinando-se em direção ao santo ou estendo-se para frente em direção ao reino do divino em alegre louvor" (Kala, p. 23).
A arquitetura que aparece nos ícones não guarda nenhum respeito às proporções. Janelas e portas encontram-se em locais totalmente estranhos e as dimensões corretas não são obedecidas. Às vezes, alguns objetos (por exemplo, uma cadeira), são desenhados deformados.Todas essas observações quanto à composição de um cenário na iconografia evidencia que os acontecimentos representados não estão presos a um momento histórico preciso, mas "pertencem ao mundo do espírito" (Kala, p. 32).
Fonte bibliográfica:
DONADEO, Maria. Os ícones: imagens do invisível. São Paulo: Paulinas, 1996;
KALA, Thomas. Meditações sobre os ícones. São Paulo: Paulus, 1995.
Crédito de imagens:
Jacques Bihin
A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!
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