sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

SIMBOLOGIA DAS CORES - I


A cor é o resultado da decomposição da Luz, segundo a óptica; e, segundo a espiritualidade, a iconografia utiliza da Luz da Tabórica para irradiar a cena representada, desempenhando assim um papel importantíssimo na iconografia. Para entender o mistério das cores na iconografia é preciso ter em mente a Luz Deífica.

A imagem representada está em um espaço envolvido em Luz Divina, Transcendental, por isso, na maioria dos ícones, o dourado compõe esse fundo e tem aí sua simbologia. Mas não são todos, pois a Escola de Novgorod (antigo estado Russo da Idade Média) utilizava em seus ícones um fundo vermelho. Outras escolas utilizam, ainda hoje, o fundo azul para afrescos e ícones portáteis. E, mais tardiamente, aplicou-se sobre o fundo uma placa de metal (geralmente de prata e com relevos), chamada “rija”, utilizada para proteger a pintura das fuligens das lamparinas e velas. O maior estranhamento daria se utilizassem um fundo com paisagem natural.

O vermelho geralmente é utilizado para se referir ao sangue e ao fogo respectivamente, símbolos do martírio/sacrifício e a manifestação do Espírito Santo. Vermelho é a carruagem de Elias e o manto de Cristo quando representado como “Filho do Homem” (o anqrwpoV) e dos mártires. Vermelho são os raios que descem flamejantes do céu, no ícone de Pentecostes.

O branco é a união de todas as cores e símbolo da própria Luz e da Vida que vence a morte. Branco é a túnica de Cristo, no ícone da Transfiguração e da Descida ao Hades; é a faixa que envolve o menino Jesus, no ícone da Natividade e Lázaro, no ícone de sua ressurreição; é o lenço que cobre a nudez de Cristo, no ícone da Crucifixão e em alguns ícones do Batismo de Cristo (Teofania). Branco é a veste de Maria, acolhida como pequena criatura nos braços de Cristo no ícone da Dormição.

“O branco é a cor de quem está penetrado pela luz de Deus: os anjos sentados no túmulo, no ícone das ‘Miróforas’; os anjos da Ascensão. O branco é a cor da inocência porque, para aqueles que se converterem, Deus promete que os seus pecados tornarão brancos como a neve (Is. 1,10), portanto não é de se admirar que o branco exprima a alegria das grandes festas litúrgicas” (SENDLER, p. 146).



Fonte bibliográfica:
SENDLER, Egon. L'ICONA: immagine dell'invisibile - Elementi di teologia, estética e tecnica. Milano: San Paolo, 1985.


A Deus seja a Glória! Δόξα τω Θεώ!

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